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X-50-K, sacada de gênio da Box 7 Art


Royal  Enfield, Box7art, Jack´s Garage
Miltão em seu habitat natural

O artista se faz pela capacidade de observar tudo que acontece a seu redor e criar formas de melhorar tudo o que vê. Com o protagonista dessa história, não foi diferente! Paulistano de corpo e alma, ele descobriu o mundo dos motores com apenas 13 anos de idade, e de lá para cá já foi construtor de carros de corrida, restaurou clássicos e há sete anos vem transformando suas ideias em arte sobre rodas na Box 7 Art.


Quando caminhávamos pela Rua Cavazzola, a procura do número 65, vimos de longe um camarada forte, barba grisalha e toda a pose do motociclista clássico. Não sobrou nenhuma dúvida, era o Milton Maio, nosso entrevistado. Se bem que não tem como não chama-lo de Miltão, e todos que o conhecem, certamente concordarão comigo.


Dono de um carisma fora do normal e uma simpatia contagiante, ele nos recebeu e compartilhou um pouco da sua história até a criação do “X-50-K, o inseto”, que daqui a pouco vocês descobrirão o que é.


Tudo começou ali mesmo, na Vila Olímpia, na casa onde nasceu e cresceu esse mestre dos metais e dos motores. Com o passar do tempo o imóvel foi ganhando vida e se fundindo com a oficina. “Moro e trabalho aqui. Me organizei para que tudo fluíssem de maneira agradável. As cobranças sistemáticas das corridas e das restaurações, ficaram chata e me afastavam da qualidade que eu imaginava para os produtos que criava”, nos conta Milton, que ainda continua:

Royal Enfield, Box7art, Jack's Garage
Ferramentas do mestre

“Meus projetos são orgânicos, não seguem um desenho pronto, eles me dizem por onde devo ir. Já me aconteceu várias vezes de perder o sono com algo que eu queria fazer, aí eu levanto e saio fazendo. Da mesma forma, encontro tempo para minha academia, para meus filhos, família e amigos, e esse estilo de vida traz o equilíbrio que eu buscava”. Dessa forma, o cara criou coisas sensacionais e tem muitas outras em suas bancadas, sendo que a bola da vez é britânica.


Apaixonado por motos como BSA, Norton, NSU, Zundapp e outras, há algum tempo ele voltou seus olhares para a robusta Royal Enfield, que nasceu na cidade de Redditch na Inglaterra em 1896, começou a produzir motos em 1901, ficou sob a administração da BSA a partir de 1907, fez parceria com a Indiana Madras em 1955, foi dissolvida em 1971 e renasceu com 100% da produção na Índia em 1999.


Inevitavelmente, veio a pergunta: Por quê a Royal Enfield? E a resposta estava na ponta da língua. “A Royal é simples, visceral e divertida. Todo mundo tá de saco cheio de ver a mesma coisa e as mesmas marcas batendo o tempo todo na nossa cabeça, isso me remete às décadas de 50 e 60 onde só existiam Fuscas, Kombis e Brasília. Hoje a coisa é diferente. Temos um mundo de opções e outras tantas que podem ser criadas, e muitas vezes, melhores e mais baratas das que estão na vitrine.”

Royal Enfield, Box7Art, Jack's Garage
Indiana com essência britânica

E tem mais: “Não quero enfeitar motos com coisas que já existem e são apenas parafusadas e pintadas, isso não é customização. Eu gosto de criar, faço guidão, roda, suspensão e outras peças, a partir do metal cru, e assim transformo uma moto normal em algo exclusivo. Até o estator eu enrolo de forma diferente para melhorar o desempenho da moto”.


Durante nossa visita, nas bancadas, encontramos uma Enfield que estava recebendo um side car, e não pense que se trata de uma caixa parafusada no quadro da motocicleta, ele está repensando toda a estrutura para que a experiência de dirigir seja algo agradável. “Você já pilotou uma moto com sidecar?” perguntou Miltão. “A dirigibilidade é péssima. O piloto se cansa e o passageiro fica todo moído”.


E essa não era a única Royal em preparação, ele também nos mostrou outra com um tanque, que tinha partes translúcidas que permitia ver a gasolina dentro dele. Parecia mesmo o visor de um escafandro. “O vidro é o mesmo usado em caldeiras de alta pressão e os metais foram produzidos aqui na oficina. Esses visores são mais resistentes que o metal do próprio tanque, pois segurança, sempre foi uma das minhas grandes atenções com os projetos”.


Mas a Box 7 Art, foi além das motocicletas brilhantemente customizadas e produziu um exclusivo quadriciclo multi-terreno que foi batizado de X-50-K, o inseto. “X”, porque era o código do projeto, “50”, era a idade do seu inventor, quando iniciou o projeto, “K”, porque nas pistas, o apelido dele era “Kabelo” e “o inseto” porque todos que conheciam o projeto o comparavam com um louva-deus, gafanhoto, aranha ou coisa parecida.

Box 7 Art
X-50-K, O Inseto

“Sempre quis fazer um triciclo diferente. Cheguei a montar uma mesa com 4 bengalas, ficou louco, mas ainda não era o que eu queria. Precisava ter uma pegada mais forte. Aí aproveitei os meus 20 anos de pista, a paixão pelas motos e toda experiência em mecânica que acumulei na minha trajetória para fazer essa máquina”.


Esse mecânico medieval vanguardista, que inclusive tem como decoração de sua oficina um elmo feito por ele, passou sete anos desenvolvendo o projeto e construiu 90% das peças com suas próprias mãos. O motor foi herdado de uma Yamaha 660XT, fora isso, roda, chassi, suspensão e tudo mais, saiu de suas bancadas de trabalho. “O tempo nunca foi mandatório no projeto, o que eu queria era ter algo que me encantasse. A herança das pistas ajudou, foi só adaptar a suspensão para andar bem em qualquer terreno, e depois juntar os amigos para conhecerem e testarem a fera. Eles gostaram da ideia e ajudaram na divulgação”.


O plano a partir de agora, é produzir em pequena escala, e sob encomenda, esse admirável e divertido quadriciclo que pode ser licenciado para as ruas, em sua nova oficina cujo endereço ainda não foi revelado. Mas uma coisa podemos garantir, quem estiver no comando de um X-50-K, certamente terá uma experiencia sensacional dentro e fora do asfalto.


Enquanto isso, esperamos ansiosos as próximas façanhas do nosso mestre. Quer conhecer o Miltão e os projetos da Box 7 Art? Acesse no Instagram @box7art, e no Facebook, Box 7 Art.







 
 
 

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