Cilindradas, litros, torque e potência do seu carro

E então, chegou o dia do lançamento daquele tão esperado veículo, equipado com motor V8 de 6,2 litros que produz 466 cv a 7.000 rpm e tem torque 56,7 kgfm a 4.600 rpm. A empolgação sobe a níveis estratosféricos e chegam a arrepiar os fanáticos pelas quatro rodas. Mas você sabe exatamente o que são todos esses números e o que eles representam? Nesse post, vou tentar esclarecer algumas dúvidas comuns que encontrei pela estrada.

Vamos começar pelo mais básico, o CILINDRO. Trata-se da câmera onde o combustível é queimado e transformado em energia. Um carro comum pode ter de três a oito cilindros enquanto nos supercarros e caminhões, esse número pode ser bem maior. É esperado que mais cilindros produzam mais potência e menos cilindros obtenham maior economia. Com relação ao agrupamento, eles podem estar em uma única linha ou "Inline" ou em duas linhas unidas em angulo, que são conhecidas por "V", daí o termo "V8", ou seja, duas linhas de 4 cilindros cada, unidas em angulo. A isso, chamamos "Cilindrada".

Aprofundando um pouco mais, temos o deslocamento. Essa medida normalmente é feita em LITROS ou centímetros cúbicos (CC). Trata-se do volume total de todos os cilindros, por exemplo, um motor com 6 cilindros de 579cc cada, totaliza 3.474cc, ou seja, ele será um 3.5 litros. Quanto maior o número de cilindros e a capacidade de cada um deles, maior o torque, e naturalmente o consumo. Fazendo o exercício contrário, se temos um motor 1.0 de 4 cilindros, o volume de cada cilindro, será de aproximadamente 250cc.

Até o início dos anos 1980, os motores eram medidos em polegadas cúbicas. Se considerarmos que um litro equivale a 61 polegadas cúbicas, um motor de 325 polegadas tem aproximadamente 5.3 litros. Como exemplo, podemos usar o famoso motor 302 que equipou parte dos saudosos Ford Mavericks. Seguindo essa lógica ele tinha 4.9 litros e considerando que era um V8 cada cilindro tinha aproximadamente 612cc.

O TORQUE mede a força de tração, ou seja, o esforço que o veículo faz para sair da inércia e se manter em movimento. Pode ser medido pela relação "quilograma-força" x "metros quadrados", e o resultado é expresso em "kgfm". Para entender melhor essa relação, tome como base um Caminhão Scania 540 que tem impressionantes 275,5 kgfm e compare com um fusca que tem apenas 12 kgmf.

O cálculo do torque é tremendamente complexo e envolve coeficiente de resistência ao rolamento, massa do veículo, aceleração da gravidade e raio da roda. Porém, um dado mais simples e que pode ser interessante é o da relação peso-torque, que se obtêm dividindo o peso do veículo em quilogramas (kg) pelo valor do torque em quilograma-força-metro (Kgfm). Assim, um carro de 1.350 kg e 11,5 kgfm tem 117,39 quilogramas por Kgfm.

Para fechar o raciocínio, temos o conceito de POTÊNCIA, que embora possa parecer bem próximo do torque, tem fins completamente distintos. Diferente do torque, a potência leva em consideração, o tempo. Ela é determinada pela quantidade de trabalho que um motor pode fornecer, e é calculada no Brasil em cavalos-vapor ou simplesmente cv.

O termo "cv" surgiu quando James Watt comparou o esforço que um cavalo fazia para levantar 33.000 libras de água a 1 pé de altura, com o de sua máquina a vapor que produzia aproximadamente 735,499 [W]. Coincidentemente, ambos consumiam 1 minuto para executar a tarefa. Para calcular a potência temos a equação P = T x N x 2 x π / 60, onde "P" é a potência [W], "T" é o torque e "N" é a rotação do motor.

Para facilitar, pense que um carro, em primeira e segunda marcha precisa de mais torque, por que é necessário colocar mais força para mover um objeto parado. Depois que está em movimento, o torque diminui e são os cavalos-vapor são responsáveis por manter ou aumentar essa velocidade. A relação PESO-POTÊNCIA, que tanto ouvimos falar é obtida pela divisão do peso do veículo pelo potência em cavalos-vapor do motor, assim, um automóvel de 1.350 kg e 90 cv tem 15kg por cv.