6 dicas matadoras para escolher seu carro antigo
- Nino Albano
- 9 de jul. de 2020
- 6 min de leitura
Ter um carro clássico é diversão garantida. Com ele conhecemos pessoas e lugares incríveis, e vivemos um pouco da experiência que transformou a sociedade. Mas você sabe os cuidados que deve ter para escolher seu carro antigo?

Imagine só a cena, você está aguardando o sinal de pedestre em uma avenida grande e movimentada. À sua frente um número incontável de carros comem o asfalto, apressados para levarem motoristas e passageiros aos seus destinos. Todos tem curvas, cores e detalhes tão semelhantes que dificilmente merecem a sua atenção. Mas no meio do caos surge um Ford 1949, verde claro, reluzindo seus frisos cromados e exibindo seus pneus faixas branca. Ele desliza calmamente pela pista da direita, enquanto admira a paisagem e é admirado por todos.
Para os amantes dos motores, esse é um momento de êxtase que desperta a vontade de sentir exatamente a mesma coisa que o piloto daquela maravilha estava sentindo ao pilotá-la. Muitos decidem, levados pela emoção, comprar um veículo antigo e se aventuram pelo mundo maravilhoso da Internet. Isso pode até dar certo, mas tem um potencial imenso de fazer com que o comprador desavisado, quebre a cara de um jeito bem feio.
Sendo assim, vamos tentar organizar as coisas para que você reduza bastante os riscos, quando for comprar um carro clássico. Para isso separamos seis dicas que farão toda diferença.
1. Documentação

Comece por aqui. Antes de se animar com a marca, modelo, cor, ano ou estado do automóvel, veja como está sua documentação. Encontramos muitos anúncios dizendo que a placa é amarela, que precisa de transferência dupla, que o dono é conhecido da mãe do vizinho de um amigo, que a documentação é por conta do comprador, ou a que eu mais gosto, "carro só para andar", como se isso fosse realmente legal.
Embora a maior parte dessas situações tenham soluções legais, elas vão te sair caro, vão ser demoradas e normalmente são três vezes pior do que o vendedor está lhe contando. No Brasil, a legislação vigente trata o veículo antigo, praticamente como um novo, ou seja, ele tem que ser documentado, de responsabilidade de alguém e rastreável. Prefiram os carros que estejam no nome do vendedor com o documento de transferência em ordem e que seja rastreável pelo site do Detran ou afins, sejam eles placa preta, cinza ou Mercosul.
Só para vocês terem ideia como a coisa pode ser complicada, um dos nossos clientes, comprou desavisadamente um Gordini 1967 que estava literalmente sem documento. Ele achou que tinha feito um negócio muito bom pelo preço que pagou, dizia que reformaria o carro e teria um bom lucro. O que ele não contava é que para legalizar o carro, foram necessário 5 meses e gasto o equivalente a 45% do valor que ele havia pago, ou seja, adeus lucro gordo e olá prejuízo.
2. Ferrugem
Um dos maiores inimigos de um clássico é a ferrugem. Existem 4 tipos de ferrugem que podem aparecer no carro, e dependendo de qual você encontra, pode desembolsar algumas notas um milhares delas. O primeiro tipo é o que chamamos de "ferrugem de superfície", ela é encontrada em veículos originais ou restaurados ha muito tempo. É aquela ferrugem que provavelmente já comeu a tinta e marcou o metal, mas não chegou a danificá-lo a ponto de fazer furos ou deformar o metal e normalmente é pode ser removida com um bom lixamento, uma base antiferrugem, primer, tinta e verniz (quando a tinta não for PU).
O segundo é a "ferrugem exposta". Essa aparece nas chapas mais visíveis do carro, deixam claro o estrago que já fizeram e normalmente já comprometeram a integridade do metal, o que exigira cortes e remendos, antes do processo de preparação para a pintura, isso significa, mais tempo e mais dinheiro. Depois temos a "ferrugem oculta", é aquela que está em lugares que você não tem acesso à primeira vista, e que normalmente estão nos lugares que acumulam água, como a base das portas, a caixa de roda, os para lamas, e coisas do gênero. Ela pode ser pior, e bem pior, quando toma a suspensão, o chassi, o assoalho ou as colunas do carro.

E por fim, a mais temida de todas, aquela que tira o sono dos restauradores, dos funileiros e principalmente dos compradores, a "ferrugem maquiada", que normalmente se origina do serviço de algum espirito de porco, que olha um defeito, e ao invés de fazer a coisa certa, decide, sabe-se lá porque, encher o defeito de massa plástica e pintar por cima Isso cria a impressão de um carro bonito, mas pode se tornar um pesadelo sem fim.
Para a ferrugem de superfície e para a exposta, não tem muito segredo, você deve avaliar o estrago e pensar se esta disposto a dispender tempo e dinheiro para correção. Para a oculta, sugiro que não tenha medo de se sujar. Se enfie embaixo do carro, use lanterna e busque os cantinhos mais escondidos. Uma boa dica é usar um pequeno espelho prezo a uma haste, para avaliar os lugares onde você não consegue chegar.
Já para a maquiada, a melhor ferramenta de busca é um imã envolto por um pano macio. Dê algumas batidinhas com a mão por todo o carro e verifique se o som que retorna é diferente dos demais lugares. Se for use o imã com cuidado para não danificar a pintura, caso ele não seja atraído para a superfície, pode correr.
3. Mecânica
Arrumar motor, transmissão, suspensão e freios de um antigo, tem níveis bem diferente de investimento e esforço. Alguns carros como o Fusca, o Chevette, a Kombi e o Opala, tem muitas peças no mercado e muitas oficinas que prestam serviços de altíssima qualidade e custos bastante honestos, porem o mesmo não acontece para os modelos que não foram tão populares por aqui e a ei da oferta e demanda pode se tornar bastante cruel para o futuro proprietário de um clássico. Para mais detalhes leia "Por que os carros clássicos são caros?".
Nesse caso mais importante é definir antes de começar a procura pelo seu carro dos sonhos, o que você vai querer e quanto está disposto a gastar. Por exemplo, você pode comprar um Alfa Romeo 6C 1500 1927 para dar uma volta pelo bairro, nos domingos de sol, ou querer restaurá-lo a ponto de poder pilotar para qualquer canto, todos os dias. Nesse caso a escolha do carro será baseada no projeto que definiu e no orçamento que tem.
Uma boa dica, caso você não tenha habilidades como mecânico, é chamar um profissional experiente, contar para ele o que você pretende fazer com o carro e ouvir atentamente sua opinião, antes de fechar o negócio, afinal, você não vai querer parar em todos os passeios que estiver fazendo com intuito de se divertir, certo?!
4. Peças e serviços
Uma outra dica bacana é pesquisar os fornecedores de peças para o carro que pretende adquirir. No Brasil, temos muitos fornecedores escondidos pelos cantos de nossas cidades. Faça uma busca e verifique onde pode conseguir peças de qualidade ou até mesmo serviços especializados para a restauração do seu carro. Para facilitar, temos um lista com os melhores no menu "Fornecedores".
Lembre-se que pintura, acabamentos e tapeçaria podem ser tão caros como a própria mecânica. Existem, por exemplo, emblemas de veículos raros que são vendidos por centenas de reais, e essas surpresas podem comprometer barbaramente seu orçamento. Uma boa dica nesse item, é fazer previamente uma relação com tudo que vai precisar, e tentar comprar de um mesmo fornecedor, assim, você conseguira preços e condições diferenciados.
5. Planejamento
Qualquer carro tem milhares de peças que vão desde pequenos parafusos até o bloco do motor, e todas elas tem uma ordem correta de desmontagem, preparação e remontagem. Já vi muito retrabalho durante as restaurações, por conta de não existir um planejamento adequado para o projeto e fazer isso não é tão difícil.
Primeiro, identifique e armazene corretamente tudo que tirar do carro, marcando a ordem em que foi retirado. Depois, use um tempo par preparar em uma lousa, ou em qualquer lugar visível, uma lista com tudo que você que fazer no carro. Depois de terminá-la, ordene as atividades para otimizar o tempo que será gasto e principalmente evitar retrabalhos.
Cada tarefa executada, deve ser riscada da lista, mas não excluída, assim, qualquer profissional que se envolver com os trabalhos, saberá quais as atividades já foram executadas e quais ainda devem ser. Também é interessante separar o orçamento para cada item da lista, assim você não se perderá no meio do caminho e concluirá as atividades dentro do que havia proposto.
6. Local e ferramentas
Caso você decida por a mão na massa, lembre de escolher o local onde o carro ficará durante o projeto e separar todas as ferramentas necessárias para que cada serviço seja executado. Já assistiram esses programas do Discovery Turbo onde os donos dos carros antigos, abandonaram eles por anos seguidos? Isso acontece na maioria das vezes, porque achamos que temos lugar e recursos, mas na hora "H", falta um monte de coisas e o desanimo vai tomando conta, até que o projeto é abandonado.
A mesma regra se aplica para o caso da escolha de uma oficina, veja quanto tempo o carro ficará por lá, quanto que isso representa no orçamento e se a oficina tem todos os recursos para fazer o que você planejou.
Lembre-se que os antigos, quando bem tratados são máquinas excepcionais que trazem grande prazer aos proprietários, porém, se o processo todo não for cuidadosamente estudado, pode se tornar uma gigantesca dor de cabeça.





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