O gigante Lee Iacocca
- Nino Albano
- 6 de jul. de 2020
- 4 min de leitura
Se você assistiu ao filme Ford vs Ferrari, certamente viu Jon Bernthal, interpretando um tímido Lee Iacocca. Mas você sabe de verdade quem foi esse gigante da indústria dos motores?
Ele era americano, nasceu em 15 de outubro de 1924, na cidade de Allentown, Pensilvânia, nos Estados Unidos e foi batizado como Lido Anthony Iacocca. Fez engenharia industrial na Allentown High School em 1942, depois na Universidade de Lehigh e concluiu seus estudos em Princeton onde cursou eletivas sobre política.

Em 1946 foi contratado como engenheiro pela Ford Motor Company, mas curiosamente, mesmo com todo o conhecimento acadêmico que havia adquirido, seu coração e seus planos estavam em outra área, propaganda e marketing, e assim, na primeira oportunidade que teve, pediu transferência e iniciou o que seria uma carreira brilhante.
Em 1956, ele teve uma sacada brilhante e lançou a campanha “56 por 56”, que nada mais era do que um financiamento. Ele oferecia os carros daquele ano, com uma entrada de 20% e parcelas mensais de US$ 56,00, por 3 anos. Essa campanha trouxe resultados excelentes e reconhecimento dos executivos.
Suas conquistas se estenderam pelos anos seguintes, em 1960, Iacocca foi nomeado gerente geral da Divisão Ford, em 1965, vice-presidente da Ford - carros e caminhões, em 1967, vice-presidente executivo e em 1970, presidente da empresa. Durante sua trajetória, ele participou dos projetos de carros como o Mustang, o Continental Mark III e o Ford Escort.
Ele também liderou o projeto de renascimento da Mercury no final dos anos 1960, e convenceu o líder da empresa, Henry Ford II, a investir nas corridas, conquistando vitórias na Indy 500, Nascar e nas 24 horas de Le Mans, em 1966, 1967, 1968 e 1969. Mas não foi apenas nas pistas que Iacocca inovou.
Em 1968, ele percebeu a necessidade de veículos pequenos e econômicos, e propôs que o projeto europeu do Ford Escort fosse revisado, para que seu preço e peso, fossem drasticamente reduzidos, e assim ele lançou, em 1971, o Ford Pinto, nome que cá entre nós, não seria bem recebido aqui por essas bandas, mas que vendeu bastante por lá.

Embora tenha chegado à presidência da Ford, alguns sérios desentendimentos com Henry Ford II, fizeram com que ele fosse demitido em 13 de julho de 1978, mesmo com a empresa registrando lucro de US$ 2 bilhões no ano. Na mesma época a Chrysler estava indo muito mal e precisava de alguém que a fizesse ressurgir. Estava nascendo ali uma grande parceria.
Iacocca tinha nas mãos um projeto de Hal Sperlich para uma mini van chamada “Mini-Max”, que havia sido desprezado por Henry Ford II, e causado sua demissão. Porém, Sperlich, já fora contratado pela Chrysler, então, os dois se uniram e transformaram aquele desenho nos bem sucedidos Dodge Caravan e Plymouth Voyager. Esse era o começo de uma bem sucedida jornada para os dois engenheiros.
Percebendo que a Chrysler faliria se não recebesse um grande aporte financeiro, Iacocca negociou em 1979 com o Congresso dos Estados Unidos em 1979, um empréstimo que usava o próprio negócio como garantia, assim, ela foi obrigada a reduzir custos e abandonar alguns projetos de longa data, como o motor de turbina, que estava pronto para a produção após quase 20 anos de desenvolvimento.
O foco nos carros pequenos e econômicos e as reformas implementadas por Iacocca, fez com que empresa se capitalizasse rapidamente, pagando o empréstimo sete anos antes do esperado. Com isso ele conseguiu adquirir a AMC em 1987, que trazia consigo a lucrativa divisão Jeep e o Grand Cherokee e criou a divisão Eagle de curta duração.
Em 1992, o gigante se aposentou, como CEO e presidente da empresa. Ao longo de sua carreira, ele apareceu em uma série de comerciais empregando a campanha publicitária "O orgulho está de volta", para denotar a reviravolta da Chrysler. Ele também criou a frase impactante que se tornaria sua marca registrada: "Se você puder encontrar um carro melhor, compre-o".

Em julho de 2005, Iacocca participou junto com celebridades como Jason Alexander e Snoop Dogg, do programa "Employee Pricing Plus" da Chrysler. Em troca de seus serviços, a empresa concordou em doar US$ 1,00 por veículo vendido entre 1 de julho e 31 de dezembro de 2005, para a Fundação Iacocca para pesquisa de diabetes tipo 1. O próprio Lee, também fez a doação de todo seu cachê. Em 2009, foi considerado o 18° melhor CEO americano da história pela revista "Portfolio, The Magazine of the Fine Arts"
Além da vida no mundo dos automóveis, Iacoca investiu no mercado imobiliário, fez parte do conselho da MGM Grand, se envolveu no ramo da alimentação, produziu bicicletas elétricas, foi chefe da fundação estátua da liberdade, criada para arrecadar fundos para restauração do monumento, patrocinou pesquisas para estudo da diabetes tipo 1, escreveu vários livros, atuou em episódio da série Miami Vice e se manteve ativo durante toda sua vida.
Iacocca foi casado com Mary McCleary , com quem teve duas filhas. Ela morreu em decorrência da diabetes tipo 1 em 1983. Antes mesmo de sua morte, Iacocca tornou-se defensor de melhores tratamentos para pacientes da doença. Ele continuou esse trabalho após a morte da esposa. Ele se casou mais duas vezes com Peggy Johnson e Darrien Earle, mas ambos não foram bem sucedidos e acabaram em pouco tempo.
O protagonista da nossa história residiu em Los Angeles, Califórnia, durante toda vida adulta. Ele morreu em 2 de julho de 2019, em sua casa, aos 94 anos, por complicações da doença de Parkinson, e foi enterrado no Cemitério Memorial White Chapel em Troy, Michigan. Deixando um legado maravilhoso e um grande exemplo de homem e de profissional. Certamente a história da industria mundial, tem uma grande divida com esse gênio.





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