Shelby Cobra, o destruidor de asfalto
- Nino Albano
- 19 de jun. de 2020
- 3 min de leitura
Venerado no mundo dos esportes a motores, Carroll Shelby nasceu em 11 de janeiro de 1923, na pequena cidade de Leesburg, no Texas, EUA. Aos sete anos foi diagnosticado com problemas cardíacos que o acompanharam por toda sua vida. Seus pais, o carteiro Warren Hall Shelby e sua esposa Eloise, não tinham nenhuma relação com o meio automobilístico, mesmo assim Carroll, se encantava pelos motores.

Cursou engenharia e na segunda guerra, se alistou nas forças armadas, servindo a aeronáutica, onde foi piloto de teste, sargento e segundo-tenente pilotando várias aeronaves, inclusive o B-29. Após a guerra, se aventurou no comércio de caminhões, depois ensaiou um negócio envolvendo petróleo e depois foi avicultor, até ir à falência por volta de 1949, sem realizar seu maior sonho. Construir carros esportivos com seu próprio nome.
Em 1952 se envolveu com corridas amadoras pilotando carros como o MG TC e o Cadillac-Allards, e com eles, venceu muitas competições, colecionando troféus. Em 1954, conheceu John Wyer, gerente da equipe da Aston Martin, que o convidou para pilotar o DBR3 em Sebring. Daí para frente, vieram várias vitorias e muito reconhecimento até que em 1959, pilotando um DBR1 com o inglês Roy Salvadori, ele vence as 24 horas de Le Mans.
Logo em seguida, por conta dos problemas cardíacos, abandonou as pistas sem saber ao certo, o que faria a partir daquele momento. Em 1961, soube que a montadora inglesa AC Cars, interromperia a produção do modelo AC Ace, posto que os motores Bristol o equipavam, já não estavam mais disponíveis. Shelby percebeu que o roadster leve e ágil faria uma combinação perfeita com o poderoso motor V8 americano e que essa poderia ser a chance de se tornar um construtor.

Depois de algumas conversas, a AC enviou para sua oficina na Califórnia, um chassi e algumas peças. Com a Ford Motor Company, negociou alguns motores V8 260, e apenas com isso, Shelby e sua pequena equipe construíram em 1962 o primeiro Shelby Cobra, que logo conquistou o mundo dos carros esportivos, pela combinação do corpo leve com a força bruta do motor, que pouco tempo após o lançamento, evoluiu para o lendário 289 V8.
Em 1964, Shelby, determinado a construir um clássico muscle car americano, começou a trabalhar no Shelby Cobra 427, uma versão movida por um monstruoso motor Ford de 7 litros, bloco grande com cerca de 450 cv e mais de 600 Nm de torque. Equipado com transmissão manual de quatro velocidades, o novo modelo fazia de 0 a 100 km em 4 segundos, o que é surpreendente até para os padrões atuais.
A aceleração brutal foi um dos melhores argumentos de venda para o novo Cobra, no entanto, esse desempenho fantástico provou ser demais para alguns proprietários, que se acidentaram durante a pilotagem, por não estarem acostumados a esse nível de potência e velocidade. Mesmo assim isso não afastou os apaixonados por adrenalina, e famosos como Steve McQueen, eram vistos pilotando essas feras.

O Cobra 427 era um carro esportivo e não contava com nenhum luxo, apenas os equipamentos necessários para pilotagem. Não havia um teto conversível, mas sim um pedaço de lona com janelas laterais para uma certa proteção contra a chuva. A explicação era simples, pilotar um Cobra em superfícies molhadas, mesmo para pilotos experientes, poderia ser fatal. A suspensão era rígida, a posição de dirigir no era confortável, e mesmo assim, o carro era mágico.
Os Cobras dessa época são extremamente valiosos e colecionáveis, alguns foram leiloados por valores superiores a um milhão de dólares (o primeiro carro produzido, foi leiloado em 2016 e atingiu o valor de US$ 13,75 milhões), e os fãs continuam a procurá-los. Muitas empresas também criaram réplicas, em alguns casos, perfeitas, dos Cobras, com valores mais acessíveis, porém até hoje a Shelby América existe e comercializa entre outros modelos, o Shelby Cobra 427 e 289, para os que quiserem sentir aquela mesma sensação que lendas do automobilismo sentiram.




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